A muitos é impossível deixar de ver no ocupante do trono o homem ou a mulher, o acidente, a pessoa, para ver a função, a existência tradicional, a lei do movimento político. Desses pode-se dizer que são deficientes em imaginação simbólica; mas desaparecendo o simbolismo, podemos estar certos de que desaparecerá também o ideal na religião, na poesia, na arte, na sociedade, no Estado.
A Monarquia constitucional ficava sendo para mim a mais elevada das formas de governo: a ausência de unidade, de unidade, de permanência, de continuidade no governo, que é a superioridade para muitos da forma republicana, convertia-se em sinal de inferioridade. Esse ideal republicano, de um Estado em que todos pudessem competir desde o colégio para a primeira dignidade, passava a ser a meus olhos uma utopia sem atrativo, o paraíso dos ambiciosos, espécie de hospício em que só se conhecesse a loucura das grandezas. Não era este, de certo, o termo da evolução humana, pela qual rezamos todos os dias, quando repetimos o adveniat regnum tuum. Desistir da idéia monárquica não é tão fácil como parece. Mesmo o sistema planetário é monárquico, diz Schopenhauer. O universo é a Monarquia por excelência. Em vez de Cosmos, Humboldt podia ter dado ao seu livro o título de Monarquia. A idéia central de infinito, isto é, Deus, não podia deixar de ser em toda a esfera da inteligência e da atividade