Durante a campanha abolicionista, em uma das eleições em que fui candidato, um escravo, que parecia feliz, suicidou-se em uma fazenda de Cantagalo. Contou-me uma senhora da família, anos depois, que perguntado no momento da morte por que atentara contra si, se tinha alguma queixa, ele respondera ao senhor que não, que pensou em matar-se somente porque “eu não tinha sido eleito deputado...” Tenho convicção de que a raça negra por um plebiscito sincero e verdadeiro teria desistido de sua liberdade para poupar o menor desgosto aos que se interessavam por ela, e que no fundo, quando ela pensa na madrugada de 15 de novembro, lamenta ainda um pouco o seu 13 de maio. Não se poderia estar em contato com tanta generosidade e dedicação sem lhe ter um pouco adquirido a marca. Desde a dinastia, que tinha um trono a oferecer, ninguém que tenha tomado parte em sua libertação, o lastimará nunca. Não se lastima a emancipação de uma raça, a transformação imediata do destino de um milhão e meio de vidas humanas com todas as perspectivas que a liberdade abre diante das futuras gerações. Não há raças ingratas. “Senhor Rebouças – dizia a princesa imperial a bordo do ‘Alagoas’, que os levava juntos para o exílio – se houvesse ainda escravos no Brasil, nós voltaríamos para libertá-los.”
Ah! decerto o trono caiu e muita coisa seguiu-se que me podia fazer pensar hoje com algum