podia ficar à vontade, livre, em uma religião revelada, do mesmo modo que foi graças a ele que compreendi que os escritores não formam por si sós a elite dos pensadores, que há ao lado deles, talvez acima, uma espécie de Trapa intelectual votada ao silêncio, e onde se refugiam os que experimentam o desdém da publicidade, de sua ostentação vulgar, de seu mercenarismo mal disfarçado, de seu modo frívolo, de sua apropriação do bem alheio, de sua falta de sinceridade interior. O horror da cena, hoje do mercado, não pode ser um sinal de inferioridade intelectual.
O resumo da impressão que eu guardo dele está feito por Goethe conversando com Eckermann sobre Alexandre de Humboldt: “Que homem ele é! Há tanto tempo, tanto, que o conheço, e ele é sempre novo para mim. Pode-se dizer que não tem igual, nem em ciência, nem em experiência. Além disso, há uma variedade de aspectos nele como não encontrei em ninguém. Qualquer que seja o assunto de conversa que se procure, está sempre no seu próprio terreno e despeja sobre nós tesouros de informações. É como uma fonte de várias bicas, sob as quais basta colocar um cântaro para logo o encher, e donde estão sempre a correr jorros de água fresca inesgotável. Ele passará aqui alguns dias, e já me parece que há de ser para mim como se tivesse vivido muitos anos”. Ouvi-lo, vê-lo,