das terríveis hipérboles que lhe arrojo em panfletos e artigos da Reforma: teocracia, invasão ultramontana, conquista jesuíta!... Apesar disso, o ano de 1873 é no meu registro o ano da primeira viagem à Europa, fato de metamorfose pessoal, que é em minha vida a passagem da crisálida para a borboleta.
Não posso mais – se feliz, se infelizmente, é uma questão que me levaria muito longe deslindar –, não posso mais sentir o que sentia aos 24 anos, quando pela primeira vez me fiz de vapor, hoje eu preferiria fazer-me de vela, para a Europa. Como já vi Leão XIII carregado na sedia gestatoria e tive a fortuna de falar longamente a sós com um papa, creio que não faria mais uma viagem para conhecer nenhum grande personagem, exceto, talvez, o imperador da China. Já que não vi um rei mouro em Granada, passo bem sem ter visto Abdul-Hamid no Bósforo. Mesmo o imperador da China talvez eu me contentasse em conhecê-lo pela imagem que me dariam dele, se eu o avistasse, dois rising men da alta diplomacia européia, de quem sou amigo, que tiveram ocasião de penetrar no recinto inviolável e de estudar a infantil figura do Incognoscível sob as aflições da guerra japonesa. O que me interessa nele, bem se pode imaginar, não é o seu trono de almofadas de seda, o seu porta-voz, os seus cachimbos, os seus perfumadores, os seus colares; é a originalidade que o