E, lá, à cima das serras altas, nas desprotegidas cabanas onde a miséria habita, tiritam também de frio e desamparadamente morrem, com uma chama azul no olhar vítreo, as loiras e morenas virgens tísicas que na estação passada levaram a trabalhar nos rudes amanhos da lavoura e a mourejar nas longas vigílias amargurosas da agulha.


A tísica! a tísica! Essa doença simbolicamente dolorosa e triste, que devasta os lares como os cortantes invernos devastam as searas! Doença artística e desolada, que dá um aspecto eminentemente romântico a todas as mulheres, como àquela violeta de Parma, flor dolente e venenosa do Amor, essa Margarida Gautier, roxo lírio inefável de melancolia plantado à margem de lagos furta-cores de quimera, e que a mais abrasadora paixão, a febre mais intensa, o tufão ardente de um fundo e desvairado