Os olhos pestanejam, nas infinitas vertigens e nos prismas visuais sutis e cambiantes de míope, diante do encanto dos tons de luz leve, rarefeita, espiritualizante e fina, como um tecido tenuíssimo.

Há em toda a marinha um aspecto amável, uma suavidade de aquarela d’après nature, quase êxtase.

Dá um esplêndido efeito à visão ótica e um revigoramento humorado às faculdades artísticas, este belo trecho sadio e agradável de vagas, em cuja superfície a luz frouxa da tarde se encarrega, com as suas pinceladas de fantasista, de fazer as mais extravagantes e rendilhadas decorações.

O mar, aquietado, sereno, está de um verde glauco ativo e salgado, convidando a viajar, e, sobre ele, navios balouçantes, embarcações, soltas como aves, de delicadas formas artísticas, com afinidades abstratas de certas linhas fugidias