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Emquanto arrumavamos as pedras, contou-me elle de uma conversa que dias antes tivera com um editor. Homem positivo e sem teias de aranha no cerebro, para o qual a sciencia da vida se resume em dansar conforme tocam. "Quando veio a isenção para os livros impressos em Portugal, disse elle, tratei logo de montar lá a officina graphica que pretendia montar aqui, e tenho ganho um dinheirão! Emquanto os meus collegas do Rio choram e lamuriam perante o Congresso, que é surdo quando não ganha para ouvir, vou-me enchendo de arames. Meu lucro é o imposto que os collegas de cá pagam. Tenho sobre elles uma vantagem de 1$300 em cada kilo de livro, vantagem automatica, decorrente, não do meu trabalho ou do aperfeiçoamento da minha producção, mas apenas de ter-me collocado no ponto estrategico. Pois si o governo protege a industria impressora de lá contra a de cá, o intelligente é passarmo-nos para lá, não acha? Que façam os outros o mesmo, em vez de se arrepellarem e irem fallindo um por um..."

Senti um aperto na alma deante daquellas revelações, mas fui arrumando as pedras e saí com o peão do rei. Mr. Slang fez jogo identico e depois saiu com o cavallo. Eu es-