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MULHERES E CREANÇAS

E olhava para o espelho, e sentia-se bella, moça, radiosa de vida e de esperanças, com um profano desejo de alegrias novas, de triumphos ignorados a alvoroçar-lhe o seio juvenil.

E agitando em torno de si as prégas fluctuantes do véo de noiva do Christo, baixou os olhos languidos sobre o livro das orações e leu em voz baixa e palpitante as palavras sagradas, na lingua melodiosa em que se habituara, por um requinte de aristocracia, a fallar com Deus:

«Oh! venez le bien-aimé de mon coeur! venez, Agneau de Dieu, chair adorable, venez servir de nourriture á mon âme! Que je te voie, ô le Dieu de mon coeur, ma joie, mes délices, mon amour, mon tout!

«Qui me donnera des ailes pour voler vers toi! Mon âme éloigneé de toi, impatiente d’être remplie de toi, languit, te souhaite avec ardeur et soupire après toi, ô mon Dieu, ô mon unique bien, ma consolation! Embrase moi, mon Dieu, brule, consume mon coeur de ton amour... Mon bien-aimé est à moi»

O que, traduzido na nossa lingua, decididamente reputada impropria para fallar com a Divindade, significa pouco mais ou menos a seguinte edificante declaração de amor:

«Vem, amado da minh’alma! cordeiro de Deus!