MULHERES E CREANÇAS
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Não tem um conhecimento profundo da natureza feminina.

Os nossos costumes com as suas reservas hypocritas, com as suas precauções restrictas, que dão idéa pouco lisongeira do pudor e da castidade das mulheres portuguezas, oppoem-se a que o homem tenha d’ellas um conhecimento que não seja frivolo, ridiculo, superficial — o conhecimento que se adquire em uma sala entre duas quadrilhas sensaboronas, ou n’um camarote durantre um entre-acto cheio de tedio.

Não póde pôr-se pelo mundo á busca de uma excepção: o molde das nossas meninas da sociedade varia muito pouco.

Todas sabem bordar a matiz, tocar a Somnambula e o Trovador ao piano, fazer housses de crochet, papaguear em duas ou tres linguas puerilidades comicas, dançar os Lanceiros e criticar as amigas intimas.

N’estas circumstancias o que póde fazer o pobre moço?

Ou resistir ás solicitações impetuosas da mocidade, á necessidade instinctiva que sente do conchêgo de familia, d’aquelle sweet home que tanto imperio tem no coração de todo o homem de pensamento e de trabalho; ou tem de contentar-se com a escolha feita á pressa de uma d’essas rachiticas flôres de salão.

É desinteressado no sentido mais amplo da palavra,