MULHERES E CREANÇAS
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testa de vinte annos receberá! Mas n’esta saudade dilacerante que me punge, quantas compensações supremas eu não encontro!

Entrego-te ao teu noivo, tão candida, tão ignorante do mal como deviam ser todas as creanças da tua edade, que tivessem mãe, que só n’ellas pensasse e só por ellas vivesse!

Nunca ouviste pronunciar uma palavra grosseira, nunca ouviste applaudir um acto injusto, nunca se abaixaram os teus olhos seraphicos a um espectaculo ignobil.

Eu fui sempre a tua fiel companheira; e, como as vestaes velavam o fogo sagrado, velei eu pela tua immaculada innocencia!

De que ventura se privam as que preferem o mundo aos seus filhos!

Ignoram as alegrias profundas de ser mãe, como eu fui, como tu serás, minha joia!

Não ha na tua alma um pensamento, uma idéa, uma saudade, que eu não conheça, e se ámanhã quizer folhear diante de teu marido o livro radioso da tua infancia e da tua adolescencia, não haveria n’elle uma só pagina que eu lhe não podesse repetir de cór.

Respondo pelo passado e respondo pelo futuro. Basta-me essa gloria para me consolar de todas as minhas saudades!