MULHERES E CREANÇAS
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d’iris, do mais alto, do mais distincto e do mais desdenhoso beaterio...

Vi todas as nossas flores da alta vida, trajando com discrição finamente aristocratica, revelando a elegancia que as distingue, no modo de se ajoelharem, de se persignarem devotamente, de erguerem os olhos com extasi piedoso, para a imagem alabastrina da Virgem, que parece erguer-se como um lyrio desabrochado, d’entre as verduras e as brancas florescencias que a cercam de todos os lados.

Vi-as descalçarem, das suas estreitas luvas de cinco botões, as mãos esguias, avelludadas, feitas da alvura dos marfins; vi-as curvarem-se até ao chão, humilhadas, contritas, mas sempre correctas; lerem uma oração privilegiada, em cada um dos quatro ou seis grossos volumes devotos que trazem comsigo, beijarem com felina graça as mãos rechonchudas e macias dos louros abbades francezes, disputarem entre si com delicadeza, não inteiramente isenta de colera, a sua vez de confissionario, e de confidencias adocicadas e asceticas; mas nenhuma d’essas encantadoras filhas de Eva, com os seus gestos miudos, os seus movimentos ondeantes de serpente, as multiplas seducções da sua artificial formosura, me deu a idéa boa, sã, carinhosa, como um affago de mãe, que eu tivera vendo-a, a ella.