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MULHERES E CREANÇAS

uma das suas pregas, a rir-se ferozmente no seu fru-fru escarnecedor.

E a dona d’esse vestuario hybrido pensa de si para si com uma furia concentrada, que põe manchas biliosas nas suas faces, e chispas sombrias nos seus olhos pisados.

— «Não consigo humilhar nenhuma das minhas inimigas, não venço nenhuma das minhas rivaes! As pobres adivinharão todas as penas que esta hora de ostentação me tem custado! as ricas terão dó, um dó profundo da minha miseria mal disfarçada e mal occulta! Que ganhei eu com isto?»

Ganhou, minha senhora, ganhou alguma cousa, póde crer. Ganhou a certeza de que seu marido ou não a estima já, se é honesto e digno e tem a alta comprehensão dos deveres da familia, ou continua a sentir o mesmo que até alli tinha sentido, uma paixão insalubre ou uma indifferença bestial, e n’esse caso não passa de um homem tolo, ou de um homem máu!

Ganhou o haver definido, de si para comsigo a sua propria situação; ganhou o reconhecer bem a que especie de marido entregou o destino de seus filhos e o seu.

E não se diga que ha n’estas minhas palavras demasiada acrimonia, ou injustiça flagrante.