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ver na feliz integração da natureza, guiados sempre pelo deus interior, o macaco doente, victima de eterna cephalalgia, punha-se de lado, pensativo, a ver e a errar.

Errava na escolha dos alimentos, errava na eleição dos galhos de pouso, errava na escolha das macacas.

Entre irmãos infalliveis, vivissimos e sadios, o pobre doente distrahia-se, todo elle movimentos morosos, incoherentes, e pensava.

A lesão fez abrolhar em seu cerebro o germem de uma coisa inedita para o mundo, que mais tarde se denominou — intelligencia.

Coisa nova, doença mental, desvio, força não prevista no plano biologico, mal susceptivel de evolução imprevisivel, norteada para rumos não sonhados pela mechanica da vida. E mal que se perpetuaria na descendencia do macaco lesado, dando como resultante o homo.