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A idade feliz.
SEMPRE que me vê sentado, a escrever, trepa-me ao collo o Guilherme e fica muito attento a seguir os movimentos da penna sobre o papel.
— E' trem? pergunta.
— Não, filhinho, estou a escrever.
— E' carta?
— E'.
Satisfeita a curiosidade, põe-se a olhar, fungando... De repente, acode-lhe uma idéasita e pede que "escreva um trem". Não ha remedio sinão interromper a carta e pintar um comprido trem de ferro, com innumeros vagões de muitas janellinhas.
Se esqueço a fumaça da locomotiva, reclama-a logo, como reclama rodas e janellas nalgum carro onde as haja de menos.
— Agora, escreva um corvo sentado aqui — e o dedinho gordo aponta a chaminé.