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Ha sempre a boiar no lago das vontades fracas o lotus enervante do—para quê? Esta horrivel pergunta géla a vontade, fal-a tabetica, cachetica, paralytica. Fal-a sorna, fal-a querer de pantano, vontade de agua-verde.

Tudo quanto, movido pela brisas da sensação, penetra-me na alma, dá de chofre contra essa muralha insidiosa, viscosa, odiosa. E fica ao pé da muralha, escabujante, morto.

Sinto minh'alma cheia de cadaveres de resoluções, esqueletos de motivos, caveiras de desejos.

Tal qual certa vidraça da sala de jantar que nunca se abre. Todos os dias mães-d'agua, borboletinhas, moscas verdes que vieram do jardim vão cabecear nos vidros, inutilmente procurando varar para a rua luminosa.

E morrem de inanição.

E juncam o peitoril da janella de pequeninos cadaveres...