NOÇÕES ELEMENTARES DE ARCHEOLOGIA
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chumbo, resguardados em outro cofre de madeira, ou de pedra, como se vê na gravura da pag. 93 [fig. 77].

Figura 78: Sarcophago com inscripção e a ascia, (está collocada por cima do M).

Em numerosos sarcophagos dos pagãos está representada a ascia,[1] e o nivel, em esculptura. Alguns tem uma inscripção na tampa, porém esta vê-se mais geralmente no meio do cofre, como indicamos na gravura da pag. 94 [fig. 78].

As inscripções eram mui interessantes por quanto expressavam o maior sentimento das familias. Os antigos nada tinham que invejar aos povos modernos a este respeito: e é facil comproval-o. Eis um epitaphio que patenteia o profundo affecto de uma infeliz mãe chorando a perda da filha querida:

Ó dôr! quão amargas tem sido as lagrimas derramadas n’esta sepultura em que jaz Lucinia... Lucinia, suave alegria de tua mãe. Sim! aqui está sob este gelido marmore. Prouvesse aos Deuses que o espirito de novo se animasse porque ella conheceria quão dolorosa é a minha afflicão. Viveu 27 annos, 10 mezes e 25 dias. Parthenoca, mãe infeliz, lhe mandou erigir este monumento.

Os Aliscamps deixaram-nos outros que se distinguem por sua philosophia, e a cujo sentido se dá muitas vezes a interpretação da philosophia christã. Taes são as duas inscripções seguintes:

D. M.
FVI, NON SVM; ESTIS, NON ERITIS;
NEMO IMMORTALIS

Fui, não sou; sois, não sereis; ninguem é immortal.

Por outra vemos que entre os romanos, como entre nós, os herdeiros eram mais solicitos em apoderarem-se dos bens dos paes, que dispostos a levantarem-lhes jazigos; de modo que os homens avisados mandavam construir os tumulos em vida, para terem a certeza de que não se lhes perdia a memoria.

  1. Espécie de enxadão, de que os coveiros se serviam.