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ERA GALLO-ROMANA

archeologo julgou poder determinal-o como obra dos fins do seculo IV, sendo a execução d'essas fortificações em todos os logares apropriados para tal fim.

Seja como fôr, tendo-se as cidades concentrado cada vez mais, era preciso restringir o perimetro do recinto á parte mais facil para ser defendido, e na possivel extensão com os materiaes disponiveis, cercado de muralhas. Podiamos citar diversos recintos fortificados com 3 a 10 hectares sómente, em quanto essas cidades onde os havia, occupavam antes 100 e até 200, durante o tempo que disfructavam a paz.

No fim de tres seculos de espantosa prosperidade, a Gallia viu, no seculo IV, a desorganisação e o enfraquecimento gradual das instituições romanas. Custa a comprehender a que grande aviltamento chegaram no seculo V.

Um esboço rapido sobre os acontecimentos politicos da Gallia, no quarto quartel do seculo III explicará claramente a marcha progressiva da decadencia das artes do seculo IV. Depois das invasões, a miseria publica augmentou, os abusos mutiplicaram-se, a energia moral diminuiu, as grandes obras da architectura cessaram, e o gosto foi-se alterando cada vez mais.

As artes, para prosperarem, tem necessidade de paz e liberdade: estas condições essenciaes faltaram-lhe no seculo IV; vê-se portanto declinar tanto mais rapidamente quanto os lapsos da paz eram mais curtos e raros.

Todavia, assim como as instituições romanas não desappareceram com a quéda do governo romano, assim tambem as artes trazidas para a Gallia pelo grande povo sobreviveram ao imperio.

«Tal era a robustez da organisação romana, diz Michelet, que, quando a existencia parecia desemparal-a, quando até os barbaros estavam prestes a distruil-a, sujeitaram-se a ella sem o quererem. Foram obrigados, de boa ou má vontade, a habitar sob as abobadas invenciveis que não podiam abalar; a curvar a cabeça e receber ainda por cima, embora vencedores, a lei de Roma vencida.»