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la, não a litteratura dos simples, mas a dos lettrados» ([1]), e que termina desta maneira:

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Assim que o galo cantou,
com prazer e alegria,
nasceu o Verbo divino
filho da Virgem Maria;

entrou e saiu por ela
como o sol pela vidraça.
Pariu e ficou donzela
Maria cheia de graça. [2]

E, em vista disto, a trova passou à categoria de «popularizada».

A «ideia», encontrou-a Tomás Pires mais tarde em Manuel Bernardes, julgando então «provar que, se não a trova, ao menos a tão brilhante interpretação da virgindade immaculada de Maria, pertence» ([3]) àquele escritor. Eis o passo: — «E Christo nosso Salvador ao sahir da clausura do Sagrado ventre da Senhora, não necessitava de que as portas della se abrissem: sahio assim como o rayo do Sol penetra a vidraça, sem esta se quebrar, nem abrir, antes ficando mais fermosa e resplandecente.» ([4])

E encontrou-a depois ainda num livro do século XVIII, Vida admiravel de Santa Getrudis a Magna: — «Seguio-se dia de Natal, onde esta Santa vio espiritualmente nascer a Christo das purissimas entranhas da sempre Virgem Maria, da sor-

  1. Rev. lus., loc. cit.
  2. Ibid., pág. 344.
  3. Ibid., xii, pág. 75.
  4. Pam partido en pequeninos, tômo i, § 5.°, pág. 33.