tos salitrosos, cortado de sulcos transversaes pelas costas das cadeiras; de roda jornaes espeiados em ganchos; entre as duas janellas uma velha estante com brochuras; dois bicos de gaz a arder nos extremos d’uma simples vara de ferro fazendo dois angulos rectos com o tubo que descia do tecto, vertical; e ao centro uma comprida mesa de mogno, d’uma côr promiscua de verniz e cêbo.

Um sujeito ainda moço, ruivacento, livido, escrevia á cabeceira, vertiginosamente, comendo bôlos que, minuto a minuto, a sua mão esquerda, nodosa e fina, com um bello annel brazonado, tirava d’um cartuchinho ao lado. Um outro, de buço indeciso, franzino e sardento, côr de cera, encabeçava laboriosamente com duas linhas de prosa propria as noticias que ia cortando nas folhas da provincia. Um terceiro, de cotovelos finques na mesa, lia jornaes, avelhentado, cabello á escovinha, o perfil estirado no exaggero do nariz ponteagudo e ròxo.

O barão, alheiado, entrou e sentou-se, mal murmurando um: – vivam! — imperceptivel.

– Homem, falle á gente! — interpellou amavel, ao vêl-o, o homem dos doces, sem despegar de escrever. — Que bicho lhe mordeu, ó barão?

– Deixem-me... Não estou p’r'os aturar! — contestou o barão seccamente, ageitando na sua frente os linguados de papel.

— Anda azêda essa coisa, outra vez? -perguntou escarninho, piscando os olhos, o velho do nariz ornithologico.

É a hepatite do ocio, — explicou sorrindo, e emquanto comia um queijinho d’ovos, o collega dó annel.