Vieira, todo curvo para a criança, cujo cabelo tocou ao de leve com os lábios, sobre a testa.

— As senhoras não usam disto — retorquiu ela, grave, dando uma compostura pretensiosa ao corpo e retirando a mão.
— E então tu já és senhora, Ema?... — A pequena teve um sobrecenho de enfado. — Como vamos de lições?
— Ainda hoje tive ótimo! — acudiu logo, com orgulho. — Tenho sempre ótimo... E mais olhe que a madame não é para graças... Já ando em contas. — Ao participar este facto assinalável da sua vida, a encantadora Emazita curvou-se toda, de face ao alto e rins contra o braço do amigo, que encarou com orgulho. E demorou-se a fitá-lo, as mãos rodilhando agora na cadeia do relógio, o cabelo pendendo solto, quase a tocar na alcatifa, uma quebreira de ternura confiante a fosforar-lhe na pupila imaculada e na expressão ideal do rosto miudinho e fresco um sorriso sereno e cândido esvoaçando.

Neste alongamento do corpo, dobrado sobre o braço de Alípio Vieira, a barra do vestido subiu e deixou a descoberto uma ligeira porção de coxa, no prolongamento da perna, igualmente nua, muito alongada e fina. Então o olhar do barão, que estava sentado junto dos dois, sentiu-se imediatamente solicitado por uma força irresistível, fatal, involuntária, e logo desceu, cauteloso e vesgo, a comparar, a medir a relação de comprimento entre o tronco e os membros inferiores da pequenita, adoravelmente franzinos, mal escorçando-se ainda nesta indecisão de forma peculiar das idades em que a função dominante do organismo é crescer, e