do juizo derradeiro de Miguel Ângelo — Antony, Angela, Thereza, quasi todo o theatro emfim, quasi todas as obras de Alexandre Dumas são immoraes. — Àquella alma de poeta quem negará comtudo glorias e louros ? quem poderá não achar bellas essas paginas do romancista-rei do século ?

Jacques Rolla e Franz.

Eis ahi pois — Antony é bello — mas algumas odes immoraes de Horacio, não o são. — Se tem seu que de bello o Alexis do cantor da Eneida, se os amores de Ovidio são tão cheios de belleza — ás vezes outros quando essa alma de poeta desce á torpeza, como o cysne branco atolado no charco do pantanal, nem ha lel-os, esses cantos prostituídos !

Do sublime ao ridículo ha um passo, disse um grande pensador e um grande guerreiro — do immoral ao torpe também vai um passo.

Dos cantos de Byron, ardentes como o tremor do enlevo no sorver dos beijos — vai um passo talvez a esses poemas infames, corrompidos e corruptores imputados ao grande sonetista de Portugal. — Mas esse passo é por sobre um abysmo.

O que alli era bello — aqui nada tem disso — foi um passo somente, mas foi uma queda da montanha esmeraldina e purpurea de rozas ao paul do brejo. Foi um passo sim — mas um passo do serro ao precipício de entulho e lodo onde só habitâo os vermes da podridão.