O blasphemo cantor da guerra dos deuses levou o materialismo poético até aonde Horacio — o vate das orgias romanas regadas dos vinhos de Falerno e Massico — nem se atrevera a pensal-o.
A culpa é da philosophia materialista do século !
A revolução Franceza levou comsigo esse cortejo de bacchantes languidas e ébrias, com seus brindes de gozo e seus beijos de lábios de braza — essa carreta morna e voluptuaria de Thespis a que succedera fria e sangrenta a carreta dos Girondinos. Com a renascença da poesia em França houve então uma reacção total, de Zenith a Nadir, sobre a poesia.
Em lugar da poesia dos olhares trêmulos de gosto, dos seios quentes, anciosos, a se elevarem em suspiros afogados, em lugar dos contornos das linhas ondeantes, do esmero das cadeiras arredondadas e das pernas cheias, macias e roseas como a flor de Venus, dessas nymphas meio deitadas, os membros de madreperola, com a cabeça sobre um braço arredondado e lácteo, e de cabellos soltos em chuva sobre o avelludado das costas nuas, Antílope ou Clytias nos requebros voluptuarios do somno á sombra das florestas, que o cinzel dos estatuarios antigos, os lascivos pincéis de Zeuxis e Phidias, os versos dos poetas pagãos traduziram a esses homens novos, — veiu a poesia nebulosa e Ossianica, —