« E quantas flores desmaiadas, frias,
Não cahiram-me aos pés, sem côr, nem vida!
Como rosa que o vento desflorára!
Quanta alma bella no intimo do seio
Anhellante e ardente como o estio
Não gelou meu sorrir? Eu ri-me dellas
Com escarneo de fél — e tristes, pallidas
Morreram como pombas — como flores
Que um louco esperdiçou. — E não chorei-as
Nem choro-as hoje que melhor lhes fora
O amor dos seraphins... pois eram santas !
« E pois tu vês, mulher, não posso amar-te !
O sentimento cândido não posso
Dar-t'o, bella — mírrou-m'o aqui no peito
O gélido sarcasmo e o fél do escarneo ».
Tomou-a pela mão — junto com ella
Caminhou por salões illuminados,
Tapetados de flores.— Traja roupas
De arrouxado velludo — e quando o manto
No movimento se lh'entreabre, ao peito
Sob a cambraia da camisa leve
No livre respirar, se lêem anceios.
……………
Rumor confuso nos salões resôa
Em brindes de festim, em gargalhadas
De gargantas de neve e frescos lábios.