Oh! santa Virgem! flor que hálito infame
Do mundo não manchou! Santa Maria
Das virgens d'Israel o anjo mais bello!
Porque te affoga assim mar de agonia
          A alma cheia de fel?

V

E ella inda lá está, immovel, triste,
          Pallida, em mudos prantos,
Fervem-lhe os olhos solitárias lagrimas
          Ao ver que esses encantos
Do filho amado, livido, sangrento,
          A morte os desbotou!
Oh! qual ha coração que dizer possa
          Quanto ella chorou?
Oh! qual alma, senão de mãi, entende
          Do pranto esse gemido,
Que lhe queimava os desluzidos lábios
          E o suspiro doído
Que o seio lhe estallava em férreas ancias?
          Ó doce mãi de Deus!
Perdoa ao impio que chorar não pôde
          Ao ver os prantos teus!

VI

Toda a noite lá 'steve — ouviu-os todos
Queimadores suspiros exhalados
Dos roxos lábios do divino martyr.
No extranhar de agonisantes ancias