Desmaiado sorri o azul do empyreo.
Eia! ainda uma vez! do monte as flores
Pezadas pendem c'os serenos frios.
Ao ar da vida entreabre-te, meu peito!
Talvez á alguma sylphide passando,
Vestindo nevoas, que banhou no lago
As neves do seu corpo donairoso —
Accorde compaixão a chaga tua!
Talvez que num roçar da mão finissima
A tu'alma se accorde inda á ventura
Teu duvidar se vá!
                    Abre teus seios
Minh'alma ! A noite é pura, — amores falia,
A aragem fresca — tudo dorme em roda.
— Talvez possas chorar!... E é tão doce
Tepida lagrima verter agora!
Talvez desperte a lagrima no peito
Um sonho melancólico! Inda triste
E tão doce sonhar!
                    « Sonhar idéas
Deliradas além! além! meus prantos!
Porque mais chorarei? poderá acaso
Um cadáver se erguer? morreu-me o peito
Não mais se accordará — e pois que durma
O eterno resomnar ahi — e quando
Gelar-me de uma vez o ardor do peito
Que envolto no sudario do sepulcro
Sem sonhos, sem lembranças, nem saudades,
                    Repouse para sempre! »