Agostinho), ó imortal Crucificado! quem te diria, quando do alto do Gólgota expiravas exangue, quem te diria que um dia, em teu nome, à tua sombra, seria expulso dum estabelecimento de caridade o doutor Godinho, - a alma mais pura, o talento mais robusto..." - E as virtudes do doutor Godinho voltavam, em passo de procissão, solenes e sublimadas, arrastando caudas de adjetivos nobres.
Depois, deixando por um momento de contemplar o doutor Godinho, Agostinho dirigia-se diretamente a Roma: - "É no século XIX que vindes atirar à face de 1,eiria liberal os ditames do Syllabus? Pois bem. Quereis a guerra? Tê-la-eis!"
— Hem, João?! dizia. Está forte! Está filosófico!
E retomando a leitura: - "Quereis a guerra? Tê-la-eis! Levantaremos bem alto o nosso estandarte, que não é o da demagogia, compreendei-o bem! e arvorando-o, com braço firme, no mais alto baluarte das liberdades públicas, gritaremos à face de Leiria, à face da Europa: Filhos do século XIX! às armas! Às armas, pelo progresso!"
— Hem? Está de os enterrar!
João Eduardo, que ficara um momento calado, disse então, levantando as suas expressões em harmonia com a prosa sonora do Agostinho:
— O clero quer-nos arrastar aos funestos tempos do obscurantismo!
Uma frase tão literária surpreendeu o jornalista: fitou João Eduardo, disse:
— Por que não escreves tu alguma coisa, também?