pobre senhora, mas essas coisas do chantre, esses falatórios... É o diabo!
— É ter cautelinha, meninos! aconselhou Natário, abafando a voz.
— É sério, é sério, murmurou lugubremente o padre Amaro.
Estavam de pé no meio da saleta. Fora o vento uivava: a luz da vela agitada fazia alternadamente destacar e reentrar na sombra do quadro o osso frontal da caveira: e em cima Amélia cantarolava a Chiquita.
Amaro recordava outras noites felizes em que ele, triunfante e sem cuidados, fazia rir as senhoras, - e Amélia, gorjeando Ai chiquita que si, revirava-lhe olhares rendidos...
— Eu, disse o cônego, os colegas sabem, tenho que comer e beber, não me importa... Mas é necessário manter a honra da classe!
— E não carece dúvida, acrescentou Natário, que se há outro artigo e mais falatórios, estala com certeza o raio...
— Olha o padre Brito, murmurou Amaro, esfogueteado para a serra!
Em cima decerto houve alguma graça, porque sentiram as risadas do escrevente.
Amaro rosnou com rancor:
— Grande galhofa lá em cima!...
Desceram. Ao abrir a porta uma rajada de vento bateu a face de Natário duma chuva miudinha.
— Olha que noite! exclamou furioso.
Só o cônego tinha guarda-chuva: e abrindo-o devagar:
— Pois meninos, não há que ver, estamos em calças pardas...