frase do artigo era significativa - "Não seremos nós que regatearemos ao clero os meios de exercer proficuamente a sua divina missão"!

A verdade era (como observou um indivíduo obeso, o amigo Pimenta), que se não havia ainda paz já havia negociações - porque, na véspera ele vira com aqueles seus olhos que a terra tinha de comer, o padre Natário saindo de manhã muito cedo da redação da Voz do Distrito!

— Oh amigo Pimenta, essa é fabricada!

O amigo Pimenta ergueu-se com majestade, deu um puxão grave aos cós das calças, e ia indignar-se - quando o recebedor acudiu:

— Não, não, o amigo Pimenta tem razão. A verdade é que eu noutro dia vi o patife do Agostinho fazer grande barretada ao padre Natário. E que o Natário traz intriga na mão, isso é seguro! Eu gosto de observar as pessoas... Pois senhores, o Natário que nunca aparecia aqui na Arcada, agora vejo-o sempre aí com o nariz pelas lojas... Depois a grande amizade com o padre Silvério... Hão-de reparar que são ambos certos aí na Praça às Ave-Marias... E é negócio com a gente do doutor Godinho... O padre Silvério é o confessor da mulher do Godinho... Umas coisas pegam com as outras!

Era muito comentada, com efeito, a nova amizade do padre Natário com o padre Silvério. Havia cinco anos, tinha ocorrido na sacristia da Sé, entre os dois eclesiásticos, uma questão escandalosa: Natário correra até de guarda-chuva erguido para o padre Silvério, quando o bom cônego Sarmento, banhado em lágrimas, o reteve pela batina, gritando: "Oh colega, que é a