cosia com a cabeça baixa, envergonhada talvez diante daquela indignação piedosa, dos desejos culpados que a roíam de ver o Passeio Público e de ouvir os cantores em S. Carlos.
Mas bem depressa a Sra. D. Josefa começou a falar do escrevente. A Amparo não sabia nada; e a velha teve a satisfação de contar prolixamente, "tintim por tintim", a história do Comunicado, o desgosto na Rua da Misericórdia, e a campanha de Natário para descobrir o liberal. Alargou-se principalmente sobre o caráter de João Eduardo, a sua impiedade, as suas orgias... E, considerando um dever de cristã aniquilar o ateu, deu mesmo a entender que alguns roubos ultimamente cometidos em Leiria, eram "obra de João Eduardo".
A Amparo declarou-se "banzada". O casamento então, com a Ameliazinha...
— Isso pertence á história, declarou com júbilo D. Josefa Dias. Vão pô-lo fora de casa! E por muito feliz se deve o homem dar em não ir parar ao banco dos réus... Que a mim o deve, e à prudência do mano e do Sr. padre Amaro. Que havia motivos para o ferrar na cadeia!
— Mas a pequena gostava dele, ao que parece.
D. Josefa indignou-se. Credo, a Amélia era uma rapariga de juízo, de muita virtude! Apenas conheceu os desaforos, foi a primeira a dizer que não, e que não! Ai! detestava-o... - E D. Josefa, baixando a voz em confidência, contou "que era positivo que ele vivia com uma desgraçada para os lados do quartel".
— Disse-o o Sr. padre Natário, afirmou. - E aquilo é homem que da sua boca nunca sai senão a verdade pura... Foi muito delicado comigo,