ordens de cima!... Mas depois de ter cumprido esse dever de sacerdotes, oh, senhoras, desanco o patife!

— E doeu-lhe muito, senhor pároco? perguntou do canto uma vozinha expirante e desconhecida.

Acontecimento extraordinário! Era a Sra. D. Ana Gansoso que falara depois de dez longos anos de taciturnidade sonolenta! Aquele torpor que nada sacudira, nem festas, nem lutos, tinha enfim, sob um impulso de simpatia pelo senhor pároco, uma vibração humana! - Todas as senhoras lhe sorriram, agradecidas: e Amaro, lisonjeado, respondeu com bondade:

— Quase nada, Sra. D. Ana, quase nada, minha senhora... Que ele deu de rijo! Mas eu sou de boa carnadura.

— Ai, que monstro! exclamou D. Josefa Dias, furiosa à idéia do punho do escrevente descarregado sobre aquele ombro santo. Que monstro! Eu queria-o ver com uma grilheta a trabalhar na estrada ! Que eu é que o conhecia! A mim nunca ele me enganou... Sempre lhe achei cara de assassino!

— Estava embriagado, homens com vinho... arriscou timidamente a S. Joaneira.

Foi um clamor. Ai, que o não desculpasse! Parecia até sacrilégio! Era uma fera, era uma fera!

E a exultação foi grande quando Artur Couceiro, aparecendo, deu logo da porta a novidade, a última: o Nunes mandara chamar o João Eduardo e dissera-lhe (palavras textuais): "Eu, bandidos e malfeitores não os quero no meu cartório. Rua!"