sempre lhe quero dizer, amigo e colega, que cometeu hoje um erro de palmatória.
Amaro pareceu inquieto.
— Que erro, padre-mestre?
— Depois de se revestir, continuou o cônego pausadamente, já com os diáconos ao lado, quando fez a cortesia à imagem da sacristia, em lugar de fazer a cortesia profunda, fez só a meia cortesia.
— Alto lá, padre-mestre! exclamou o padre Amaro. É o texto da rubrica. Facta reverentia cruci, feita a reverência à cruz; isto é, a reverência simples, abaixar ligeiramente a cabeça...
E, para exemplificar, fez uma cortesia a D. Josefa que lhe sorriu toda, torcendo-se.
— Nego! exclamou formidavelmente o cônego que em sua casa, à sua mesa, punha de alto as suas opiniões. E nego com os meus autores. Eles aí vão! - e deixou-lhe cair em cima, como penedos de autoridade, os nomes venerados de Laboranti, Baldeschi, Merati, Turrino e Pavônio.
Amaro afastara a cadeira, pusera-se em atitude de controvérsia, contente de poder, diante de Amélia, "enterrar" o cônego, mestre de teologia moral e um colosso de liturgia prática.
— Sustento, exclamou, sustento com Castaldus...
— Alto, ladrão, bramiu o cônego. Castaldus é meu!
— Castaldus é meu, padre-mestre!
E encarniçaram-se, puxando cada um para si o venerável Castaldus e a autoridade da sua facúndia. D. Josefa pulava de gozo na cadeira,