— Bem vê, é no interesse daquela alma, é um regozijo para Nosso Senhor...

— E para mim, senhor pároco, e para mim!

O que o tio Esguelhas receava é que a casa não fosse decente e não tivesse as comodidades...

— Oral fez o padre sorrindo, num renunciamento de todos os confortos humanos. Contanto que haja duas cadeiras e uma mesa para pôr o livro da oração...

De resto, por outro lado, dizia o sineiro, lá como sítio retirado e casa sossegada estava a preceito. Ficavam ali, ele e a menina, como os monges no deserto. Nos dias em que o senhor pároco viesse, ele saía a dar o seu giro. Na cozinha não poderiam acomodar-se, porque o quartito da pobre Totó era ao pé... Mas tinham o quarto dele, em cima.

O padre Amaro bateu com a mão na testa. Não se lembrara da paralítica!

— Isso estraga-nos o arranjinho, tio Esguelhas! exclamou.

Mas o sineiro tranquilizou-o, vivamente. Estava agora todo interessado naquela conquista de uma noiva para Nosso Senhor; queria por força que o seu telhado abrigasse a santa preparação da alma da menina... Talvez lhe atraísse a ele a piedade de Deus! Mostrou com calor as vantagens, as facilidades da casa. A Totó não embaraçava. Não se mexia da cama. O senhor pároco entrava pela cozinha do lado da sacristia, a menina vinha pela porta da rua: subiam, fechavam-se no quarto...

— E ela que faz, a Totó? perguntou o padre Amaro, hesitando ainda.