Que João Cabral da Silva Maldonado

Mendonça de Gouveia,

Moço fidalgo, bacharel formado,

Filho da ilustre Ceia,

Ex-administrador deste concelho.

Comendador de Cristo,

Foi de virtudes singular espelho.

Caminhante, crê nisto.

Depois era o rico mausoléu do Morais, onde sua esposa que, agora, rica e quarentona, vivia em concubinagem com o belo capitão Trigueiros, fizera gravar uma piedosa quadra:

Entre os anjos espera, ó esposo,

A metade do teu coração

Que no mundo ficou, tão sozinha,

Toda entregue ao dever da oração...

Algumas vezes, ao fundo do cemitério, junto ao muro, via um homem ajoelhado ao pé duma cruz negra, que um chorão assombreava, ao lado da vala dos pobres. Era o tio Esguelhas, com a sua muleta no chão, rezando sobre a sepultura da Totó. Ia falar-lhe, e mesmo, numa igualdade que aquele lugar justificava, passeavam familiarmente, ombro a ombro, conversando. Amaro, com bondade, consolava o velho: de que servia à desgraçada rapariga a vida para a passar estirada numa cama?

— Sempre era viver, senhor pároco... E eu, veja agora isto, sozinho de dia e de noite!