anjinho não fosse um enjeitado, casava até com um calceteiro da estrada! E apertava as mãos do abade, numa suplicação loquaz. Que convencesse João Eduardo, que desse um papá ao Carlinhos! Queria ajoelhar aos pés dele, do senhor abade, que era o seu pai e o seu protetor.

— Oh, minha senhora, sossegue, sossegue. Esse é também o meu desejo, como lhe disse. E há-de arranjar-se, mas mais tarde, disse o bom velho, atarantado daquela excitação.

Depois, daí a dias, foi outra exaltação: descobrira de repente, uma manhã, que não devia trair Amaro, "porque era o papá do seu Carlinhos". E disse-o ao abade; fez corar os sessenta anos do bom velho, palrando muito convencidamente dos seus deveres de esposa para com o pároco.

O abade, que ignorava as visitas do pároco todas as manhãs, assombrou-se.

— Minha senhora, que está a dizer? que está a dizer? Caia em si... Que vergonha!... Imaginei que lhe tinham passado essas loucuras.

— Mas é o pai do meu filho, senhor abade, disse ela, olhando-o muito séria.

Fatigou então Amaro toda uma semana com uma ternura pueril. Lembrava-lhe cada meia hora que era o "papá do seu Carlinhos".

— Bem sei, filha, bem sei, dizia ele impaciente. Obrigado. Não me gabo da honra...

Ela chorava, então, aninhada no sofá. Era necessária toda uma complicação de carícias para a calmar. Fazia-o sentar num banquinho junto dela; tinha-o ali como um boneco, contemplando-o,