MONTEIRO LOBATO
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João Nariz era muito pobre e por isso mesmo tinha grande vontade de ser rico. Mas como perdesse a esperança de ficar rico no trabalho de todos os dias, resolveu tentar a fortuna no Rio das Garças.

Um belo dia vendeu sua casinha de palha, comprou uma picareta, uma lata, uma coleira para o Joli e partiu para o sertão levando por uma cordinha esse seu único amigo.

João padeceu muitas privações durante a viagem, porque seu dinheiro logo acabou e ele teve de ir trabalhando pelo caminho para viver.

Mas afinal, depois de longos meses de caminhada, chegou ao famoso Rio das Garças. Não encontrou garça nenhuma, e sim aventureiros de todos os tipos. Encontrou baianos, australianos, russos, homens da África do Sul e das Guianas. Viviam em casebres de palha armados à beira do rio e só se ocupavam com o serviço de catar diamantes.

João Nariz puxou prosa com os mais velhos e logo aprendeu o sistema de vida ali e o melhor jeito de pegar diamantes.

O costume é tirar as pedras do fundo do rio, chamadas cascalho, para entre elas descobrir os diamantes brutos.

Mas João tinha um enorme nariz e um faro ainda melhor que o dos cachorros. "Vou ver se descubro diamantes pelo cheiro", disse ele consigo mesmo — e tanto fez que aprendeu a co