da existência. Renasce a mãe no filho, volve à puerícia para simultaneamente com ele, a par e passo, de novo percorrer a mocidade e a existência. Deus lhe deu essa faculdade de se desviver, para que transviva na prole; sem isso, como seria possível à débil criatura romper os limbos da infância?

Há duas concepções.

A primeira, material, que produz o feto: é a mais breve e a menos dolorosa. Este parto reduz-se à dilaceração do seio quando o rasgam as raízes da nova existência que desponta. Dores cruas, mas inefáveis; lágrimas congeladas, mas que se diluem em júbilos santos!

Desde que nasce o filho, logo a mãe de novo o concebe, mas dentro d’alma; há aí um seio criador, como o útero; chama-se coração.

Dura esta gestação moral, não meses, porém anos; os estremecimentos íntimos e os repentinos sobressaltos se transmitem; há um cordão, invisível, que prende o coração-mãe ao coração-filho, e os põe em comunicação. A vida é uma só, repartida em dois seres.

Admirável solicitude da natureza! O grelo, que borbulha, rompe a terra protegido pelas rijas cápsulas