Sorriu-se Manuel.
— Vale muito, nem digo o contrário. Mas a égua não me pertence.
— De quem é então?
— De ninguém. É livre.
— Está zombando?
— Dou-lhe minha palavra. É livre, tão livre como eu, disse o gaúcho com firmeza.
— Bem: neste caso, eu a tomarei para mim.
— Com que direito?
O caçador grunhiu uma espécie de riso, que insuflou-lhe as ventas largas.
— Vê aquela onça? Esta manhã era mais livre do que a égua.
— Perca a esperança, que a égua não há de ser sua.
— Por que então?
Fitando no caçador um olhar límpido e sereno, respondeu o gaúcho com pausa:
— Porque eu não quero.
— E como se chama você, homem?
— Manuel Canho, para o que lhe aprouver.
— Pois digo-lhe eu, Pedro Javardo, que a égua há de ser minha.
— E eu juro, palavra de um brasileiro, que se