— Não o deixem fugir; mas não o matem. Quero trincá-lo vivo.
O ímpeto do furriel esbarrou no limiar do quarto da filha. Catita em pé, com os cabelos desgrenhados, as vestes decompostas e os braços abertos enchia o vão da porta, impedindo a passagem. O talhe curvado para diante e a fronte reclinada, exprimiam submissão à cólera paterna, ou intenção de afrontar o perigo.
— Sai! gritou o pai.
— Não.
Lucas arrojou-se levando por diante a moça que foi bater contra a parede do aposento, quase desmaiada. Em um momento foram corridos todos os recantos do quarto, mas inutilmente; ninguém encontraram.
— Viste com teus olhos? perguntou Lucas a Félix, sentindo renascer uma vaga esperança.
— Olhe! disse o rapaz apontando.
No poial da janela via-se o pala de D. Romero e o seu chapéu à bolívar. Esse vestígio de sua desonra, levantou no coração do pai ultrajado uma cólera tão violenta, que de um ímpeto arremessou a filha ao chão para esmagá-la debaixo dos pés.