Com as orelhas espetadas, olhos ardentes e pêlo erriçado, o lindo e possante animal parecia farejar algum perigo oculto.
— Que é isto, Catita? perguntou Lucas.
— Esta mula hoje não está boa, Sr Lucas, não sei o que tem, disse a gorducha. Todo o caminho veio torcendo-se, e agora não quer andar!
— Que remédio tem ela? acudiu Félix.
— Não é nada, mamãe! disse Catita.
— Depois levas aí um trambolhão?
— Ora qual, Vidoca! atalhou Lucas.
— Esqueci-me da minha esporinha, por isso está brincando comigo, tornou Catita a rir.
— Espere que eu a ensino.
Félix avançou, vibrando com força o rebenque.
— Heta, mula!
Aquela interjeição enérgica soou ao mesmo tempo nos lábios do rapaz e na anca da mula, onde o látego estalou com força.
A mula partiu escoiceando, no meio das risadas dos dois viajantes. Era destra cavaleira a Catita; apesar dos saltos do animal, ela manteve-se firme na sela, e sem perder a elegância de seus movimentos. Contudo dificilmente continha