passara. Ali se julgava seguro, mas por precaução não saía à rua senão guardado pelos camaradas.
Ao lado morava uma antiga apaixonada em quem ele procurava soprar a chama extinta. Lembrada da facilidade com que o taful se desprendera de seus laços, a moça andava arisca; mas afinal, depois de muito rogada, prometeu esperar o namorado na janela, ao toque de recolher.
Era noite há muito, e noite escura. D. Romero deixou que seus inseparáveis capangas se acomodassem; e ganhando a sala conchegou-se à janela do canto, que ficava encostada à casa vizinha. Os dois sobrados eram da mesma altura, e ambos tinham janelas de balcão, de modo que os amantes debruçados podiam quase tocar-se.
Estava a rua completamente deserta. Uma sombra apareceu na janela próxima.
— Amor, sua mãe já dorme?
— Para quê?
— Para conversarmos mais perto?
— Cuida que eu já esqueci?
— Ingrata! Assim me paga as saudades que curti ausente dela!