entretanto o que o detinha era apenas a mão frágil de uma mulher.

Afinal, cedendo à fascinação, curvou-se lentamente para Catita, que viu ressumbrar-lhe na fisionomia o soçobro d’alma.

— Ah! tu és bom! Tens dó de mim!

— Não! exclamou Canho com veemência.

Repelindo a moça arrebatadamente, ia correr ao lugar onde o esperavam os animais, quando Catita com um ímpeto bravio atalhou-lhe o passo:

— Leva-me contigo ou mata-me! exclamou cerrando convulsivamente as mãos do gaúcho.

O olhar alucinado de Manuel pousou um momento no semblante de Catita e sondou a profundeza do precipício que se abria quase a seus pés, iluminado pelo lívido clarão do relâmpago. Sua mão terrível abarcou na cabeça da moça as longas tranças negras, revoltas pelo sopro da tempestade, e arrastou-a até a borda do abismo.

Rasgou-se nesse momento o céu e a meio do algar, suspenso aos galhos de uma árvore seca, apareceu o cadáver do chileno:

— Olha! Ele te espera! disse Manuel suspendendo a moça para arremessá-la no precipício.