saco dos mexericos de Piratinim, e a crônica de toda a vila, casa por casa.
Um tanto arredada, em um ângulo da sala, Catita cosia à luz da vela colocada em uma cantoneira. Às vezes a mão da rapariga, puxando a linha para cerrar o ponto, ficava um momento suspensa no ar; e notava-se na sua cabeça uma ligeira inflexão. Parecia, pelo ar absorto da fisionomia, que sua atenção era atraída para outro ponto. Mas logo voltava à costura, redobrando de rapidez no ponteado.
O que a distraía eram os sons da guitarra que pipilavam no silêncio da rua, e às vezes se destacavam entre as crepitações da lenha no fogo da cozinha.
— Lucas não vem mais hoje, que diz você? perguntou Fortunata à cunhada.
— Eu sei lá, comadre, quando ele vem? Há um par de dias já que se espera à toa. Com esta história de rusga, o homem anda mesmo que parece uma mosca tonta.
— Mas em parte quem lhe mete tanta caraminhola no casco é aquele malandrinho. Já viu que sujeito mal-encarado, senhora?