—Tenho a minha espada; mas que novidade há?
A fisionomia decomposta de D. Lauriana apareceu de novo na fresta da janela.
—A onça!... Aires Gomes! A onça!...
O escudeiro deu um salto prodigioso julgando que o animal de que se falava ia saltar-lhe ao cangote, e sacou da espada pondo-se em guarda.
A dama vendo o movimento do escudeiro supôs que a onça atirava-se à janela, e caiu de joelhos murmurando uma oração ao santo advogado contra as feras.
Alguns minutos se passaram assim; D. Lauriana rezando; e Aires Gomes rodando no pátio como um corrupio, com receio de que a onça não o atacasse pelas costas, o que além de ser uma vergonha para um homem de armas da sua têmpera, seria um pouco desagradável para sua saúde.
Por fim, de pulo em pulo o escudeiro conseguiu ganhar de novo a parede do edifício e encostar-se nela, o que o tranqüilizou completamente; pela frente não havia inimigo que o fizesse pestanejar.
Então batendo com a folha da espada na ombreira da janela disse em voz alta: