murmúrio de vozes que parecia um chilrear de sais: eram as duas moças que subiam a ladeira.
D. Lauriana sorria-se do seu triunfo.
—E se fosse só isto? continuou ela. Porém não pára aqui: amanhã vereis que nos traz algum jacaré, depois uma cascavel ou uma jibóia; encher-nos-á a casa de cobras e lacraus. Seremos aqui devorados vivos, porque a um bugre arrenegado deu-lhe na cabeça fazer as suas bruxarias!
—Exagerais muito também, D. Lauriana. É certo que Peri fez uma selvajaria; mas não há razão para que receemos tanto. Merece uma reprimenda: lha darei e forte. Não continuará.
—Se o conhecêsseis como eu, Sr. Mariz! É bugre e basta! Podeis ralhar-lhe quanto quiserdes; ele o fará mesmo por pirraça!
—Prevenções vossas, que não partilho.
A dama conheceu que ia perdendo terreno; e resolveu dar o golpe decisivo; amaciou a voz, e tomou um tom choroso.
—Fazei o que vos aprouver! Sois homem, e não tendes medo de nada! Mas eu, continuou arrepiando-se, não poderei mais dormir, só com a idéia de que uma jararaca sobe-me à cama; de dia