—Ele o fez... estou certo... balbuciou Bento Simões em voz sumida.
—Não, retrucou Rui Soeiro; Satanás não o faria. Vamos, Loredano: confessai que nos enganastes, que quisestes atemorizar-nos?
—Disse a verdade.
—Mentes! gritou o aventureiro desesperado.
O italiano sorriu: tirando a sua espada estendeu a mão sobre a cruz do punho, e disse lentamente deixando cair as palavras uma a uma:
—Por esta cruz e pelo Cristo que nela sofreu; por minha honra neste mundo, e minha alma no outro, juro.
Bento Simões caiu de joelhos esmagado por este juramento, que não deixava de ter alguma solenidade no meio da floresta sombria e silenciosa.
Rui Soeiro, pálido, com os olhos a saltarem-lhe das órbitas, os lábios trêmulos, os cabelos eriçados e os dedos hirtos, parecia a múmia do desespero.
Estendeu os braços para Loredano, e exclamou com a voz trêmula e sufocada:
—Pois vós, Loredano, confiastes a D. Antônio