O italiano lívido, com o rosto contraído e os olhos imensamente dilatados, tinha ainda entre as mãos hirtas a clavina fumegante.

O índio arrancou-a, e sacando a longa faca, levantou o braço para cravá-la no alto da cabeça do italiano.

Mas Álvaro tinha-se adiantado e aparou o golpe; depois estendeu a mão ao índio.

— Solta este miserável, Peri!

— Não!

— A vida deste homem me pertence; atirou sobre mim; é a minha vez de atirar sobre ele.

Álvaro ao mesmo tempo que dizia estas palavras armava a clavina, e apoiava a boca na fronte do italiano.

— Ides morrer. Fazei a vossa oração.

Peri abaixou a faca; recuou um passo, e esperou.

O italiano não respondeu; a sua oração foi uma blasfêmia horrível e satânica; as palpitações violentas do coração batiam de encontro ao pergaminho que tinha no seio, e lembravam-lhe o seu tesouro que ia talvez cair nas mãos de Álvaro e dar-lhe a riqueza de que não pudera gozar.

Entretanto, na baixeza dessa alma havia ainda alguma altivez, o orgulho do crime; não suplicou,