O silencio da noite, com os seus rumores vagos e indecisos, com os seus échos amortecidos, dormia no fundo dessa solidão, e era apenas interrompido um momento pelo passo dos animaes, que fazião estalar as folhas seccas.
Parecia que devião ser seis horas da tarde, e que o dia cahindo envolvia a terra nas sombras pardacentas do crepusculo.
Alvaro de Sá, embora habituado a esta illusão, não pôde deixar de sobresaltar-se um instante, em que, sahindo da sua meditação, vio-se de repente no meio do claro-escuro da floresta.
Involuntariamente ergueo a cabeça para vêr se atravez da cupola de verdura descobria o sol, ou pelo menos alguma scentelha de luz que lhe indicasse a claridade do dia.
Loredano não pôde reprimir a risada sardonica que lhe veio aos labios.
— Não vos dê cuidado, Sr. cavalleiro, antes de seis horas lá estaremos; sou eu que vos digo.
O moço voltou-se para o italiano, rugando o sobr’olho.
— Sr, Loredano, é a segunda vez que dizeis esta palavra em um tom que me desagrada; pareceis querer dar a entender alguma cousa, mas falta-vos o animo de a proferir. Uma vez por to-