Não pôde acabar porém; a palavra ficou-lhe presa aos lábios, trêmula, convulsa: seus olhos se fixavam em Peri com um sentimento de terror e de espanto.

A fisionomia do índio se tinha decomposto; seus traços nobres alterados por contrações violentas, o rosto encovado, os lábios roxos, os dentes que se entrechocavam, os cabelos eriçados davam-lhe um aspecto medonho.

— O veneno!... gritaram os espectadores dessa cena horrorizados.

Cecília fez um esforço extraordinário, e lançando-se para o índio, procurou reanimá-lo.

— Peri!... Peri!... balbuciava a menina aquecendo nas suas as mãos geladas de seu amigo.

— Peri vai te deixar para sempre, senhora.

— Não!... Não!... exclamou a menina fora de si. Não quero que tu nos deixes!... Oh! tu és mau, muito mau!... Se estimasses tua senhora, não a abandonarias assim!...

As lágrimas orvalhavam as faces da menina, que no seu desespero não sabia o que dizia. Eram palavras entrecortadas, sem sentido; mas que revelavam a sua angústia.