gelada, e rogava aqueles lábios frios e mudos como pedindo-lhe um sorriso.
— Por que não me falas? murmurava ela docemente; não conheces tua Isabel?... Dize outra vez que me amas! Dize sempre essa palavra, para que minha alma não duvide da felicidade! Eu te suplico!...
E com o ouvido atento, com os lábios entreabertos, o seio palpitante, ela esperava o som dessa voz querida e o eco dessa primeira e última palavra de seu triste amor.
Mas o silêncio só lhe respondia; seu peito aspirava apenas as ondas dos perfumes inebriantes, que faziam circular nas suas veias uma chama ardente.
O aposento apresentava então um aspecto fantástico: no fundo escuro desenhava-se um circulo esclarecido, envolto por uma névoa espessa.
Nessa esfera luminosa como no meio de uma visão, surgiam Álvaro deitado no leito e Isabel reclinada sobre o rosto de seu amante, a quem continuava a falar, como se ele a escutasse. A menina começava a sentir a respiração faltar-lhe; seu seio opresso sufocava-a; e entretanto uma voluptuosidade inexprimível a embriagava; um gozo imensa