O INFERNO
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Os justos escassamente serão havidos como taes: que será dos peccadores? Que sentença póde esperar o peccador impenitente de um Deus inexoravel? Oh! que terribilissima sentença! Ide, malditos, arder em fogo eterno! Ai! onde irão, Senhor, esses desgraçados que amaldiçoaes? Para que ponto do mundo quereis que se afastem, distanciando-se de vós? Onde é que está paragem tão funesta?

 

«SEXTO DIA

«O INFERNO «I. Que horror ganhariamos ao inferno, se podessemos ouvir os lamentaveis gritos dos condemnados! Suspiram, gemem, urram como bestas-feras em meio de lavaredas. Accusam-se de seus peccados, chorando-se, detestando-os; mas É TARDE. O chorar não lhes faz senão augmentar o ardor do fogo que os queima sem consumil-os. Penitencia dos condemnados! quanto és rigorosa, e inutil! «II. Não vêr Deus nunca, arder em fogo de que o nosso é apenas sombra; soffrer ao mesmo tempo quantos males ha ahi, sem allivio, sem repouso; sempre com os olhos postos nos demonios, sempre com o coração raivoso e desesperado, que vida! «III. Esses desgraçados enfuriam-se por terem desprezado tantas occasiões de salvarem-se. O recordarem os prazeres passados é-lhes um de seus mais penosos tormentos; mas o tormento superior a todos